domingo, 28 de fevereiro de 2021

FREI FERNANDO EM CAPOEIRAS

 

Por Junior Almeida

 

Os frades italianos da Ordem dos Capuchinhos, Fernando e Damião se celebrizaram em terras nordestinas, principalmente por conta das famosas Santas Missões. Só em Capoeiras foram vinte e duas, sendo a primeira em 1952. Quem conheceu os dois religiosos de perto, diz que o primeiro era explosivo, apoquentado, impaciente, muitas vezes, até, autoritário, enquanto o mais velho dos dois, o filho mais ilustre de Bozzano, na Itália, era a serenidade em pessoa, não sendo atoa que em vida já era considerado santo e em dias atuais é “venerável aos altares”, faltando pouca coisa para ser declarado Santo, pela Igreja Católica.

 

Sobre Frei Damião existem inúmeras histórias, causos e lendas, inclusive nas terras de Capoeiras, porém, sobre Frei Fernando Rossi, os relatos são mais escassos, mas, logicamente, não deixam de existir. Esses dias mesmo, eu fiquei sabendo de umas passagens bem interessantes, protagonizados por Fernando Rossi, aqui na “terrinha”, que mereceram o meu registro. Foi assim:

 

Perto de completar três décadas de suas pregações anuais em terras capoeirenses, nas chamadas Santas Missões, os dois freis mais uma vez estavam em Capoeiras pregando. Corria o finalzinho da década de 1970, quando Frei Damião e Frei Fernando e mais um monte de romeiros ajudavam a aumentar a pequena população da cidade. Logicamente que Pio Giannotti era o mais procurado dos frades pelo grande número de romeiros. Todo mundo queria se confessar, falar, ou mesmo tocar Frei Damião. A rotina do religioso era estafante, mas ele nunca se entregou, mesmo já com idade bem avançada e saúde debilitada.

 

Pois bem. Em um dos dias daquele ano, Frei Damião tinha começado a confessar na Igreja Matriz de São José, antes do dia clarear, entrou pela manhã e a tarde e foi para noite. Mal teve tempo de comer, pois se entregava de corpo e alma ao serviço do Senhor. Como não faltavam fiéis a fim de ouvir a Palavra de Deus e se confessar, Frei Fernando, mais novo que seu colega, e mais descansado, assumiu a missão depois que ele se retirou para jantar.

 

O Capuchinho Fernando pregava numa matriz lotada, inclusive com orações de cura dos enfermos e libertação, o que já tinha sido anunciado anteriormente. Doentes de todos os tipos, aleijados e cegos foram ao templo em busca da cura ou mesmo do alívio de seus males. Dentre esses, estava um velho agricultor, que havia muito tempo sofria com sérios problemas na coluna. O homem chegou à igreja um pouco atrasado, já com a pregação do frei em andamento. O coitado era tão curvado, que andava sempre de cabeça abaixada, olhando para o chão.

 

Da frente do altar, local onde estava, Frei Fernando viu quando o homem entrou. Apoiado em duas muletas e com mais alguns parentes o segurando, o aleijado caminhava lentamente pela nave da matriz. Sua cara era de dor. Pela situação dele, o povo abriu caminho e o deixou ir para perto do religioso. O frade fez o sinal da cruz em sua cabeça, rezou silenciosamente fazendo de novo o sinal da cruz no aleijado, e perguntou aos seus parentes:

 

-Tem quanto tempo ele está assim?

- Há pelos menos trinta anos, Frei. Respondeu uma mulher que o segurava.

-TRINTA ANOS?! E vocês querem que eu o cure em DOIS MINUTOS? Estão pensando que eu sou Jesus, é?! Bradou o impaciente frei.

 

Passados os dias das Santas Missões em Capoeiras, era chegado o momento dos religiosos irem embora. Dessa vez o destino seria Recife, aonde teriam um importante compromisso no Convento de São Félix Cantalice, local que atualmente repousa o corpo do "quase santo Frei Damião". Na despedida dos frades era bem comum de se vê o povo dentro e fora da igreja chorando, triste, como se tivesse morrido um parente seu. Os frades consolavam os fiéis, dizendo que no próximo ano voltariam à cidade.

 

Nessa época os freis andavam numa caminhoneta Chevrolet modelo C 10, de cor amarela, quase nova, com capota alta, de armação de madeira e lona branca. Esse veículo ao sair da cidade estava pesado de tantas ofertas doadas pelo povo. Sacos de feijão, jerimuns, melancias, galinhas, perus, “cozinhados” de fava e feijão de corda verde e até bodes iam na caçamba da picape. Tudo seria levado para o convento. Era o povo arrumando a carrada e chegando gente com mais coisas. Era tanta mercadoria que nem deu pra levar tudo e, ainda mais, atrasou o horário de saída dos religiosos.


Frei Fernando era o motorista e Frei Damião viajou ao seu lado, na boleia da C 10. Pelo que se pode notar, o chofer estava de mau humor, pois pelo que dizia, iria se atrasar em seu compromisso na capital. Saiu de Capoeiras de cara feia e cantando pneus.

 

Algumas pessoas perceberam. A PE 193, no trecho da cidade à Vila Araçá, bem como a BR 424, que segue até Garanhuns era no barro e, por conta das recentes chuvas estava com mais buracos do que uma tábua de pirulitos, impedindo de o veículo andar mais rápido, o que fez acabar o restinho da paciência de Frei Fernando.


Pode-se dizer que Frei Fernando Rossi estava puto da vida. Mesmo já na estrada que margeia Garanhuns, asfaltada, o frade não desmanchou a cara de poucos amigos. Na saída para o Recife, onde atualmente está construído o portal de entrada da Suíça Pernambucana, ficava o posto da Polícia Rodoviária Federal, que constantemente paravam os veículos que saíam da cidade.

 

Com a C 10 amarela não foi diferente, ou melhor: quase. Os guardas fiscalizavam alguns carros, já parados no acostamento, quando a picape com os dois religiosos se aproximava. De longe um dos agentes gesticulou para que Frei Fernando parasse, ordem ignorada pelo frade, que ao passar pela blitz, acelerou foi mais. Não deu outra. Os homens da lei botaram a viatura atrás dos supostos fujões. Até a sirene ligaram. Já bem na frente, perto da entrada do Distrito de São Pedro, Frei Fernando parou. Se ele estava de mau humor, com os agentes da PRF não era diferente. Cheio de raiva e ironia, um deles se dirigiu aos capuchinhos, dizendo:

 

-E esse carro não tem “frei” não?

 

Frei Fernando percebendo o erro ou ironia do guarda, ao se referir aos FREIOS do carro, retrucou na mesma moeda:

 

-Tem logo quatro. Frei Fernando, Frei Damião, “frei” de pé e “frei” de mão!


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

AÇUDE DE AÉCIO DARÁ LUGAR A UM LOTEAMENTO

Por Junior Almeida

 

O antigo açude no terreno de Aécio Santana, na saída da cidade para a Vila Riacho do Mel, dentre outras localidades e, que fez a alegria de muitos meninos e pescadores, está acabando. É que, segundo informações, o reservatório d’água está sendo aterrado para dar lugar às casas de um novo loteamento e a construção de uma nova escola municipal.

 

O açude que tempos atrás ficava na área rural, encontra-se atualmente cercado de casas, já dentro da área urbana, então, não é de se estranhar que o progresso chegue e tome o seu lugar. Quem aproveitou os banhos de açude e sua fartura em peixes, principalmente os fidalgos, fica só a lembrança.


 

domingo, 21 de fevereiro de 2021

EDINHO DE MAJOR FALECEU EM SÃO PAULO

 

Por Junior Almeida

 

Faleceu ontem às 19 horas, no Hospital Santa Catarina, localizado na Avenida Paulista, em São Paulo, José Edson Ferreira de Melo, popularmente conhecido como Edinho de Major, de 60 anos, completados recentemente, em janeiro passado.

 

O capoeirense Edinho, que foi fumante por muitos anos, até tinha conseguido “largar” o cigarro, pois lutava contra o câncer havia pelo menos um ano, mas ontem não resistindo à doença, veio a óbito.

 

Edinho deixa a viúva Lúcia Almeida, filha de Valdecí Cadete, e dois filhos, Paulinho e Júnior, além de Marciane, já falecida, que era a mãe dos seus três netos. O velório acontece do meio dia até às 14 horas, no Cemitério da Vila Cachoeirinha, onde será sepultado.

 

Nossa família se solidariza com toda família de Edinho de Major, nesse momento de tristeza e dor, e rogamos a Deus por sua alma.

 

 


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

O TRISTE FIM DO PROGRAMA "MINHA CASA MINHA VIDA"

 

Do Brasil de Fato

 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizou em janeiro de 2021 uma proeza que parecia impossível no início do seu mandato: acabar com o maior programa habitacional da história do Brasil sem alarde.

 

Para que ninguém sentisse saudades quando o Minha Casa Minha Vida (MCMV) fosse extinto, o governo rebaixou o orçamento do programa a níveis inéditos. Há sete meses, apresentou um substituto, batizado de Casa Verde e Amarela, sem ouvir as demandas dos movimentos por moradia e sem garantias de que a população de renda mais baixa será beneficiada.

 

Graça Xavier, dirigente da União Nacional por Moradia Popular (UNMP), avalia que o governo se beneficiou da crise sanitária para consolidar o desmonte do programa.

 

“Ele [Bolsonaro] aproveitou a pandemia e ‘passou a boiada’ na política de habitação”, afirma Xavier, em referência à expressão usada por Ricardo Salles, Ministro do Meio Ambiente, durante reunião ministerial em abril de 2020. “A grande maioria das obras ficou paralisada, e os recursos foram diminuindo até o programa acabar de vez”.

 

Embora parte da população reconheça que há um desmonte, Xavier lembra que as condições para manifestações populares são desfavoráveis há pelo menos um ano.

 

“Por causa da pandemia, as pessoas não podem sair às ruas para protestar. Então, o governo se beneficiou disso e da falta de visibilidade do tema nos grandes veículos de comunicação para acabar com o programa. Quando as pessoas acordarem, já se foi”, lamenta.

 

Orçamento

De 2009, ano de criação do MCMV, até o fim de 2018, antes de Bolsonaro chegar à Presidência, o investimento anual destinado ao programa era de R$ 11,3 bilhões, em média.

 

No primeiro ano de governo, o valor caiu para R$ 4,6 bilhões. Em setembro de 2019, foi previsto um corte de 42% no orçamento do ano seguinte, estipulado inicialmente em R$ 2,71 bilhões.

 

Com os dados consolidados de 2020, a queda foi ainda maior. Conforme planilha obtida pelo Brasil de Fato via Lei de Acesso à Informação (LAI), o gasto final foi de R$ 2,54 bilhões.

 

Sem perspectivas

O Brasil possui um déficit de 7,797 milhões de moradias, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). O estudo se baseia em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Diante desse cenário, o fim do MCMV foi criticado por organizações como a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e movimentos populares pelo direito à moradia.

 

O programa Casa Verde e Amarela apresenta como principal novidade a redução de até 0,5% nas taxas de juros. A projeção do governo é atender 1,6 milhão de famílias por meio de financiamento habitacional até 2024.

 

Graça Xavier alerta que o público-alvo da vez são famílias com renda média mensal de até R$ 7.000,00. A tendência, segundo ela, é que se privilegiem aquelas cujos ganhos estão mais perto do teto.

 

“Na gestão do governo Dilma, a cada dez pessoas atendidas, sete eram de famílias de baixa renda [até dois salários mínimos]”, ressalta. “Nós lemos e relemos o programa e chegamos à seguinte conclusão: é mais um retrocesso na política de habitação. O público que deveria ser o foco, que são famílias que ganham de zero a dois salários mínimos, não vai ser atendido. Ele foi excluído do Casa Verde e Amarela”, diz Xavier.

 

O desmonte, segundo a integrante da UNMP, começou após o golpe de 2016, quando o governo federal parou de assinar novos convênios para construção de casas no âmbito do MCMV.

 

Desde 2009, foram mais de 4 milhões de unidades habitacionais, totalizando um investimento de R$ 105 bilhões, que beneficiou cerca de 16,5 milhões de pessoas.

 

“No governo Temer (MDB), isso já foi diminuindo, permanecendo apenas os convênios assinados no governo anterior. E, no governo Bolsonaro, foram feitas várias normativas, mas nenhum convênio novo”, enfatiza Xavier. “O Ministério [do Desenvolvimento Regional] não chama mais reunião com os movimentos, o Conselho das Cidades foi destruído. Foi uma devassa mesmo, acabando com tudo que beneficia a população de baixa renda”, conclui.

 

Em entrevista recente ao Brasil de Fato, Felipe Vono, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em São Paulo, ressaltou a gravidade da intransigência do governo Bolsonaro.

 

“Quando não se ouve a sociedade e aqueles segmentos que, de fato, representam os sem-teto, que são os que mais estão sendo atingidos pela pandemia e pelos despejos, isso é muito grave, tanto do ponto de vista do atendimento aos direitos sociais quanto do ponto de vista da democracia”, disse, por ocasião do lançamento do novo programa.

 

Para viabilizar o programa Casa Verde e Amarela, governo planeja remanejar R$ 5,5 bilhões em recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para saúde, saneamento e infraestrutura.

 

O orçamento total do Fundo para políticas públicas cairá gradativamente nos próximos anos: de R$ 77,947 bilhões em 2020 para R$ 77,447 bilhões em 2021, com perspectiva de chegar a R$ 76 bilhões em 2024.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

FREI JOSÉ NEMÉZIO, DE CAETÉS, É TRANSFERIDO PARA JEREMOABO, NA BAHIA


Por Junior Almeida

 

O Frei José Nemézio (à  direita foto acima), que é natural de Caetés, mas que exerce seu Sacerdócio em terra baianas,  tendo inclusive, trabalhado no município de Trancoso, com suas paradisíacas praias na Costa do Descobrimento,  trabalhou  recentemente na bela Paulo Afonso, cidade responsável por  fornecer, através de suas usinas  hidrelétricas,  energia elétrica para todo Nordeste e boa parte do país,  foi  transferido agora para a Paróquia de São João Batista (foto  abaixo), em Jeremoabo. Diz o documento da Diocese de Paulo Afonso:

 


       Fazemos saber que, em virtude das necessidades espirituais, pastorais e administrativas da Paróquia de São João Batista, em Jeremoabo, Bahia.

       Tendo ouvido o Vigário Foâneo e o Conselho de Presbíteros, considerando a reta doutrina, as qualidades e aptidões que tornam idôneo o Revmº José Nemézio Alves Teixeira.

       Havemos por bem nomeá-lo [...] Vigário da referida Paróquia, outorgando-lhe todos os direitos e deveres inerentes ao cargo que lhe é confiado.

       Recebam-no, pois, os fiéis com o seu legítimo Pastor coadjuvante, ajudando-o no trabalho Pastoral para o incremento do Reino de Deus que está nesta Paróquia [...]

 

Assinam o documento o Bispo Diocesano de Paulo Afonso, Dom Guido Zendron e o Chanceler da Diocese, Padre Marcílio Reis.

 

Ao nosso amigo Frei Nemézio, filho ilustre da terra da energia eólica de Pernambuco, uma boa sorte em sua nova caminhada.