quarta-feira, 31 de março de 2021

UFPE ABRE INSCRIÇÕES PARA CURSO ESPECIAL DE INGLÊS PARA ADOLESCENTES

Estão abertas, até hoje (31), as inscrições para o curso especial de inglês da Diretoria de Relações Internacionais (DRI) e Coordenação de Línguas e Interculturalidade (Cling) para adolescentes. O curso tem como objetivo pautar o ensino de língua inglesa formatado com a metodologia “content-based teaching” e centradas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030), oportunizando à comunidade entre 11-17 anos com experiências de aprendizagem em inglês através de debates contemporâneos relevantes próprios para empoderamento juvenil. Os detalhes sobre inscrição e valores estão detalhados aqui.

 

O curso será dividido em dois módulos: o primeiro, Junior English 101, contará com duas turmas no nível iniciante voltadas para estudantes com idade entre 11 e 14 anos; o segundo, Freshman English, é voltado para estudantes entre 15 e 17 anos, também em nível iniciante.

 

Abaixo os dias e horários de cada turma:

 

Junior English 101

 

Segundas e quartas – 16h às 17h30 – 22 vagas

 

Terças e quintas – 16h às 17h30 – 22 vagas

 

Freshman English 101

 

Sábados – 14h às 16h – 22 vagas

 

Atenciosamente,

Anderson Lima

Ascom UFPE

(81) 2126.8024 / 8025


 

domingo, 28 de março de 2021

OS CABOS ELEITORAIS

 

Por Junior Almeida

 

Se política hoje em dia é coisa acirrada, quase uma guerra, imagina antigamente, nos tempos dos “votos de cabresto”. Nos dias de hoje vemos pessoas se intrigarem de outras por política, deixar de comprar em determinado comércio ou mesmo partir para as vias de fato, tudo por conta que vota em um candidato diferente do outro. Para o eleitor, o candidato adversário é ladrão, fresco e corno, e quanto mais chance ele tem de ganhar, aí é tudo isso várias vezes. Particularmente acho de certa forma engraçado o fanatismo e as arengas de alguns, mas dentro do limite da civilidade, se é que existe isso em política.

 

Até 1964 Capoeiras pertencia a São Bento do Una, e todas as decisões que afetavam a vila, vinha da sede distante trinta quilômetros. Nomeações para os mais diversos cargos eram feitos pelos que estavam no poder, no caso os “Valença” que consideravam Capoeiras uma vila rebelde. Esse desalinhamento com a vontade dos mandatários de São Bento se dava pela força de Heronides Borrego, herdeiro político do seu pai, o Coronel João Borrego, então chefe da mais importante família da época. Quem sempre tinha mais voto na vila era quem “Seu” João e depois Heronides quisessem, e isso incomodava. Dispostos a mudar isso, três jovens idealistas da família Valença resolveram tomar a frente da política no distrito: Ilo, Clávio e Ênio.

 

Depois de combinar tudo com os parentes mais velhos, em um sábado, ainda amanhecendo resolveram ir para Capoeiras pedir votos para os seus candidatos. Quando ainda estavam para visitara primeira casa, por volta das sete horas, receberam um recado que “Seu” Heronides estava chamando pra falar com eles. O trio se olhou, como se esperassem uma explicação para tal recado. Não entendiam como tinham acabado de chegar na vila, e o mandatário local já sabia das presenças deles. Um pouco receosos de não saber o que os aguardavam, de pronto foram com o portador do recado para a casa do chefe político local.

 

No percurso um dos jovens cochichou que eles estavam desarmados, o que gerou certa tensão. Pensando melhor, não era para tanto um pensamento desses. Ao chegar à casa se “Seu” Heronides, todo clima tenso desapareceu, pois ele já aguardava os rapazes com um largo sorriso na frente da sua residência. Cumprimentou um por um, e os convidou para entrar. Na sala de copa, uma farta mesa de café da manhã estava posta. Cuscuz, charque, carne de sol, café, leite, pães, bolachas, geleias, mungunzá, queijo de coalho e de manteiga e mais de cinco tipos de sucos, além de frutas. O trio se olhou sem entender nada.

 

Sentem aí meninos. Vamos comer. Não fica bem sair por aí atrás de votos de barriga vazia. Disse o anfitrião.

 

Meio constrangidos o trio pensou em recusar, mas como ainda não tinham comido nada, os rapazes aceitaram o convite. Durante o café da manhã conversaram muito, com os três revelando suas ideias políticas e pessoais para as melhoras do planeta, a começar por sua terra. O velho político, com a experiência dos anos, ouvia tudo atentamente, e incentivava os rapazes a falar, sempre elogiando as suas ideias. Ao terminar o café, e alguns cigarros, continuaram a conversa na sala de entrada da casa. Pareciam que todos eram amigos de longa data, tal forma a conversa fluía.

 

Seu Heronides sempre fumando, acendia um cigarro na brasa do outro que estava acabando, era acompanhado do jovem Ênio, que também fumava muito. Sem notar o tempo passar, já passava um pouco de onze da manhã, quando uma empregada trouxe numa bandeja inox quatro copos com caldinho de feijoada, dois limões cortados ao meio, formando quatro bandinhas e mais uma garra de vidro com pimenta caseira. A moça serviu um a um os rapazes, que pegavam os copos com o caldo bastante quente e cheiravam, enchendo a boca d’água. Heronides Borrego percebeu que os rapazes gostaram.

 

Uma delícia dessas só presta com o que? Quis saber o dono da casa.

Um dos jovens de pronto falou que um caldo daquele só combinava com uma caninha. Era o que “Seu” Heronides queria ouvir. Levantou-se e foi em um dos quartos da casa, voltando debaixo do braço com um pequeno barril de madeira com uma torneira de metal, e segurando quatro copinhos de vidro na mão. Ele falou para os rapazes que era cachaça com mel de uruçu, ou cachimbo, como também era chamada aquela mistura. A bebida que já estava e guardada a um bom tempo, só iria ser aberta agora para celebrar os novos amigos.

 

Os jovens se sentiram lisonjeados. Apressaram-se em pegar os copos, encher de cachaça e tomar, com o caldinho como tira gosto. A caninha estava tão curtida que parecia que tinha só o mel. Heronides tomou uma dose, pigarreou e tomou o caldinho em seguida.  O resto do pequeno barril ficou por conta dos três jovens. Perto de acabar a bebida, o dono da casa levantou e trouxe mais, dessa vez numa garrafa de vidro transparente tampada com uma cortiça. Os rapazes que já estavam se sentindo em casa tomaram mais meia garrafa, quando Dona Nanú, esposa de Heronides veio avisar que o almoço estava servido.

 

Os rapazes se levantaram sem cerimônias, pegaram a bebida e os copos e foram para copa para comer novamente. Novamente na mesa, além de uma saborosa feijoada os rapazes tinham ao seu dispor galinha caipira, porco e bode guisado e assado, farofa d’água e xerém. Os três agora só queriam entre um cigarro e outro, saber de beber e falar dos seus planos em Capoeiras, usufruindo do banquete apenas como tira gosto. Já passava de quatro da tarde, e já tinham tomado mais três garrafas da cachaça com mel além do barril, quando os três rapazes da família Valença bastante alterados, resolveram voltar para São Bento do Uma, sem fazer uma única visita e sem pedir um voto sequer.

 

Seu Heronides com um riso irônico no rosto agradeceu pela visita dos jovens, mandou lembrança aos seus pais e se despediu. Poucos dias depois a eleição confirmara o que sempre acontecia: Em Capoeiras tinha voto quem a família Borrego queria. Os três jovens questionados por pessoas em São Bento, o que poderia ter acontecido em Capoeiras, já que os mesmos foram designados a mudar isso, ou pelo menos amenizar, simplesmente desconversavam, e só depois de muito tempo é que se soube o que eles realmente fizeram em Capoeiras.


*Foto da inauguração da Prefeitura de Capoeiras, onde Heronides Borrego é o do canto esquerdo, de braços cruzados.


quinta-feira, 25 de março de 2021

FLÁVIO LEANDRO FAZ DESABAFO EM REDES SOCIAIS ONDE DIZ QUE BOLSONARO É O AGLOMERADOR MOR

 

Por Flávio Leandro*

300.000. Um absurdo! Eu não consigo entender o exercício diário da naturalização da morte que nosso país adotou. A que nível de bestialidade chegamos? Fazendo um triste comparativo, meu município tem pouco mais de 30mil pessoas, então são 10 municípios de gente, riscados do mapa. Minha região tem 10 municípios, então é uma região inteirinha de gente, que sumiu. Tanto sonho perdido, meu pai! Tanta história linda seria pintada, meu Deus! Tanto abraço de braços e laços seriam dados, meu povo! 

 

O que é isso? An? CHEGA! Mesmo depois de terem feito a merda que fizeram nas aglomerações das eleições municipais, governadores e prefeitos, bons ou ruins, prestando ou não, resolveram fazer o lockdown, mais uma vez, a única medida possível antes da vacina, e sai uma tuia de gente na rua para bradar contra?! Avalizadas pelo chefe do executivo nacional, o aglomerador mor deste país. Estimuladas por matadores em massa travestidos de falsos religiosos, de falsos médicos, de falsos jornalistas... Isso mesmo, estamos vivendo a era suprema do endeusamento do falso, da mentira! 

 

Eu não sei quem é mais perigoso, se o virus ou essa gente! Canalhas, assassinos! Todos vocês passarão, seus canalhas! Trabalhar é importante, é lindo, é sagrado, e digo isso com a propriedade de quem deixou de fazer uma centena de shows, mas o verbo é SO-BRE-VI-VER, sobreviver! E não venha me pedir calma, não venha me falar de paz, de amor, se você defende arminha, cloroquina e afins! Viva a vida!

 

*Flávio Leandro, de Bodocó, Pernambuco, é cantor e compositor. É autor de clássicos do nosso cancioneiro, como "Mala e  Cuia" e "Chuva de Honestidade".

quarta-feira, 24 de março de 2021

PROFESSORA DE CAPOEIRAS VAI SER OPERADA EM RECIFE E PRECISA DE DOAÇÕES DE SANGUE

Por Junior Almeida

 

Está internada no Hospital Getúlio Vargas, em Recife, desde o último dia 10 deste mês, a professora aposentada da rede municipal de ensino de Capoeiras, Maria Jucineide de Melo, de 51 anos, para se submeter a uma cirurgia na coluna, em data ainda não definida.

 

Juci, como é conhecida, mora na Agrovila Riacho Do Mel, é filha de Toínho de Abílio e casada com Raimundo, conhecido por “Mamá” e, por conta do procedimento cirúrgico a ser realizado, está precisando de doações de sangue, de qualquer tipo, então, seus familiares e amigos, estão se mobilizando através das redes sociais para conseguir doações, que podem ser feitas no Hemope de Garanhuns, localizado na Avenida Caruaru, por trás da rodoviária.

 

Maiores informações pelos telefones 87 9 9646 0551 e 87 9 9944 7826. Vamos ajudar?


 

sábado, 20 de março de 2021

TRISTE FESTA DE SÃO JOSÉ

 

Por Junior Almeida

Corria março de 1958, e o município de Capoeiras festejava seu padroeiro São José. Naquele ano a festa seria especial, pois eram as primeiras homenagens ao padrasto de Jesus na chamada igreja nova. A imponente matriz tinha ficado pronta havia menos de um ano. Obra do abnegado Padre João Rodrigues e principalmente do povo da então vila de São Bento do Una, que teve à frente das obras o potentado Heronides Borrego. A via principal do lugarejo, chamada á época Praça Agamenon Magalhães, “derramava” de gente nos dois dias de festa, 18 e 19 do mês. 

 

As bandas de música no coreto da praça, bodegas e mercearias abertas de dia à noite, barracas de comidas, bebidas e prendas, parques de diversões, com suas canoas e carrosséis, faziam a alegria de crianças, jovens e adultos. Um dos brinquedos mais disputados era o carrossel de Pedro Preto. O “motor de feijão” do carrossel, como diziam alguns, além de ser movido à comida, vez por outra também se abastecia de uma boa lapada de cana. No intervalo das rodadas do brinquedo, os cabras que empurravam o carrossel corriam pra uma barraquinha próxima, tomavam rapidamente uma dose de cachaça, engoliam um tira gosto, enxugavam a boca com as costas das mãos e voltavam logo pro serviço, que não podia parar.

 

Nesse ano muita gente de longe compareceu à festa, principalmente para conhecer a tão falada igreja nova. Dentre essas pessoas estava Valdemar Mendes, morador de um sítio na divisa de Capoeiras/São Bento com Pesqueira, sujeito bem quisto, bom de amizades, que tinha casado havia pouco tempo com Edleuza, filha de Neto Cavalcante, morador da localidade Imbé.  O casal era só felicidade, mais ainda por que ela estava grávida de quatro meses. 

 

O ponto de arranchamento das pessoas da região que Valdemar Mendes morava era o hotel de Santana Rafael, mãe de Totonho da oficina, que ficava onde atualmente é o início da Rua 1o de Abril. Não existia a via que vai da atual Praça João Borrego para os lados da prefeitura, Banco do Brasil e Correio. Todas as pessoas que foram pra festa, moradores dos sítios Bom Destino, Cantinho, Ameixas, Imbé, Salobro e outras localidades próximas estavam no hotel de Santana. Saiam para andar na rua, beber, jogar nas roletas e bozós, “correr” nos brinquedos, mas voltavam ao ponto de apoio. Foi assim a noite toda.

 

Já tinha amanhecido a quinta feira dia 20 quando Valdemar, que tinha passado a noite toda bebendo, antes de ir embora pra casa, resolveu tomar uma última cerveja na mercearia/padaria de Batista, um pouco mais pra baixo do hotel de Santana Rafael. O comércio ficava localizado onde atualmente é o Mercado Soares, mas que já foi o Cintra, a pizzaria de Salomão, as padarias de Aécio, Zé Luiz Cabral e também de Valdecir Cadete. Chegando ao estabelecimento, Valdemar ria, falava alto e gesticulava muito, certamente sob efeito do álcool. Contrastando com alegria fácil do agricultor, estava o comerciante Batista Santana, que tinha passado duas noites inteiras “no batente”, e supostamente gostaria de àquela hora já estar dormindo. Estava de cara amarrada, parecia não estar a fim de aguentar conversa mole de bêbado, mas mesmo assim despachou uma cerveja ao alegre freguês.

 

Valdemar abraçava um e outro, convidando todos a beber com ele. Na parte de dentro do balcão o bodegueiro se impacientava vendo aquilo. A esposa do comerciante, já conhecendo bem o humor do marido, ou a falta dele, saiu para parte de trás do comércio, onde suas três filhas pequenas dormiam. O casal de comerciantes passava o dia na padaria, mas morava na ladeira da antiga feira de gado, Rua Januário Guimarães, na casa que depois foi comprada por Dona Dorinha, mãe do prefeito de Capoeiras por três vezes, Zezinho Borrego. 

 

Ao terminar a cerveja, Valdemar abriu os braços, segurando o copo em uma mão e a garrafa em outra. Aproximou-se do comerciante e bateu com os objetos na madeira do balcão pedindo bebida.

 

       Bote cerveja que a farra está começando agora! Disse o alegre sujeito.

 

Sem a menor paciência, de onde estava o comerciante sacou um revólver e atirou em Valdemar. Esse, mesmo ferido, antes de cair, também puxou a sua arma e atirou em Batista. Em pouco tempo os dois estavam mortos. Um na parte de dentro do balcão e outro no salão da padaria. Amigos de ambos e demais pessoas que viam a cena, mal acreditavam no que tinha acabado de acontecer. Estavam boquiabertos com duas mortes tão banais. 

 

Companheiros de Valdemar retiraram seu corpo e levaram até à casa de Pedro Preto, que ficava em frente à padaria de Batista, até que fosse levado para ser velado no sítio e depois sepultado em Salobro. Sua mulher Edleuza estava desolada. Chorava em desespero. Sabia que a partir daquele triste momento ela estaria só.  Sua cria se nascesse, seria criada sem pai. Por muitos e muitos anos esse crime foi falado em toda região. Ninguém que conhecia as vítimas conseguia entender tamanha banalidade para se matar.  

 

*Foto de uma Festa de São José em Capoeiras, não  exatamente do ano do fato narrado.