Por Junior Almeida
A
população de Capoeiras amanheceu triste na manhã desta quinta-feira (18) com a
notícia da morte no Hospital Dom Moura, em Garanhuns, de José Ferreira dos Santos, o popular Zé Tripa, de 48 anos de idade, que havia sido atropelado em plena
Praça João Borrego, na noite anterior.
Filho
de Nininha, falecida precocemente, e Paulo, que por muitos anos foi gari na cidade,
Zé Tripa tinha como irmãos um rapaz, de apelido “Pia”, que há muitos anos foi
embora para São Paulo, Rita e Maria, essa, que morreu ainda na mocidade, acometida
de forte diabetes e, por não saber, não fazia nenhum tipo de regime.
Zé
Tripa possuía como riqueza o sol e a lua, além de seus filhos netos. Como podemos
perceber, ele tinha uma vida muito sacrificada, financeiramente falando, mas mesmo
assim, era um sujeito muito querido por todos de Capoeiras, coisa rara em todo
lugar para quem não possui bens materiais. Não era pra ser, mas infelizmente é
assim. Para mensurar como Zé Tripa era querido, basta olhar nas redes sociais o monte de gente que lamenta a morte do amigo.
Tomava
suas caninhas? Lógico que sim. Talvez tenha morrido até por causa dela, mas se
faz necessário parar e ponderar antes de qualquer julgamento injusto a vida que
Zé Tripa levava. Ou será que qualquer um de nós, que está lendo este singelo
texto através do celular, tablet, notebook ou computador, nós que possuímos o
conforto e temos nossos bens materiais, teríamos o equilíbrio de não “fugir’’ da
dura realidade da vida também no álcool? Coloquemos-nos no lugar da pobre criatura,
e deixemos qualquer tipo julgamentos para o Criador.
Já
ouvi alguns falando que “Zé era um bêbado abusado”. Falo por mim. Quando ele estava
ébrio, o que vinha acontecendo com certa frequência, me chamava de irmão, pedia
bênção à minha mãe, dizendo que “ela era também a sua mãe”. Isso era ser abusado?
Nós
que vivemos em cidades pequenas como Capoeiras, onde todo mundo se conhece, sabemos
quem presta e quem não presta, independentemente de ser rico ou pobre, então, sabemos
que Zé Tripa era um sujeito do bem.
Como
era da minha faixa etária, o conhecia desde que me entendo por gente, então posso
atestar a sua conduta. Brincamos muito juntos em nossa infância de carrinho de
madeira ou rolimã, de mãe da rua, pega pega, esconde esconde, e
tudo que a molecada da época brincava. Foi-se Zé. Sentimos muito a sua
partida, principalmente pela maneira trágica que se deu. Rogamos a Deus por ele
e pelos seus que ficaram aqui na terra, com o mesmo penar dele. Infelizmente.