sexta-feira, 19 de novembro de 2021

SOBRE A MORTE DE ZÉ TRIPA

 

Por Junior Almeida

 

A população de Capoeiras amanheceu triste na manhã desta quinta-feira (18) com a notícia da morte no Hospital Dom Moura, em Garanhuns, de José Ferreira dos Santos, o popular Zé Tripa, de 48 anos de idade, que havia sido atropelado em plena Praça João Borrego, na noite anterior.

 

Filho de Nininha, falecida precocemente, e Paulo, que por muitos anos foi gari na cidade, Zé Tripa tinha como irmãos um rapaz, de apelido “Pia”, que há muitos anos foi embora para São Paulo, Rita e Maria, essa, que morreu ainda na mocidade, acometida de forte diabetes e, por não saber, não fazia nenhum tipo de regime.

 

Zé Tripa possuía como riqueza o sol e a lua, além de seus filhos netos. Como podemos perceber, ele tinha uma vida muito sacrificada, financeiramente falando, mas mesmo assim, era um sujeito muito querido por todos de Capoeiras, coisa rara em todo lugar para quem não possui bens materiais. Não era pra ser, mas infelizmente é assim. Para mensurar como Zé Tripa era querido, basta olhar nas redes sociais o monte  de gente que lamenta a morte do amigo.

 

Tomava suas caninhas? Lógico que sim. Talvez tenha morrido até por causa dela, mas se faz necessário parar e ponderar antes de qualquer julgamento injusto a vida que Zé Tripa levava. Ou será que qualquer um de nós, que está lendo este singelo texto através do celular, tablet, notebook ou computador, nós que possuímos o conforto e temos nossos bens materiais, teríamos o equilíbrio de não “fugir’’ da dura realidade da vida também no álcool? Coloquemos-nos no lugar da pobre criatura, e deixemos qualquer tipo julgamentos para o Criador.

 

Já ouvi alguns falando que “Zé era um bêbado abusado”. Falo por mim. Quando ele estava ébrio, o que vinha acontecendo com certa frequência, me chamava de irmão, pedia bênção à minha mãe, dizendo que “ela era também a sua mãe”. Isso era ser abusado?

 

Nós que vivemos em cidades pequenas como Capoeiras, onde todo mundo se conhece, sabemos quem presta e quem não presta, independentemente de ser rico ou pobre, então, sabemos que Zé Tripa era um sujeito do bem.

 

Como era da minha faixa etária, o conhecia desde que me entendo por gente, então posso atestar a sua conduta. Brincamos muito juntos em nossa infância de carrinho de madeira ou rolimã, de mãe da rua, pega pega, esconde  esconde, e  tudo que a molecada da época brincava. Foi-se Zé. Sentimos muito a sua partida, principalmente pela maneira trágica que se deu. Rogamos a Deus por ele e pelos seus que ficaram aqui na terra, com o mesmo penar dele. Infelizmente.

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