domingo, 7 de março de 2021

AMIGOS DE FÉ, IRMÃOS CAMARADAS

Por Junior Almeida

 

Muito já se falou e cantou sobre a amizade. O maravilhoso Milton Nascimento, por exemplo, disse em sua Canção da América que “um amigo é para se guardar do lado esquerdo do peito”, já o rei da jovem guarda, Roberto Carlos, para homenagear seu grande amigo e parceiro, Erasmo Carlos, cantou que “ele era seu amigo de fé, irmão e camarada”. O impagável cearense Bráulio Bessa, cordelista e declamador, grande estrela do programa “Encontro”, exibido de segunda à sexta nas manhãs da Rede Globo de Televisão, apresentado por Fátima Bernardes, já falou no seu poema intitulado “Do Lado Esquerdo do Peito”, da amizade e de Milton.

 

Até “grande filósofo” brasileiro Francisco Everardo, vulgo Tiririca, que se elegeu deputado por São Paulo com uma votação absurda dada por milhares de “abestados”, já fez sua graça e cantou em duplo sentido o tema, dizendo que “um amigo é pra acudir outro”.

 

Como podemos perceber a amizade, sempre que possível, é exaltada pela arte. Aqui em nossa região, Agreste de Pernambuco, nos primeiros meses de 2019 ocorreu um pitoresco fato que resume bem o que é uma amizade pura e verdadeira. Dois amigos/irmãos resolveram beber juntos. Tomaram todas e mais algumas. Começaram pela manhã, entraram pela tarde e à noite ainda estavam enchendo a cara. Já encharcados de tanta cana, um amigo resolveu dá uma carona ao outro até sua casa. Detalhe: o transporte seria uma moto velha toda esculhambada, sem farol, retrovisor, com pouco freio e pneus carecas. Será que estavam certinhos, ainda mais que estavam sem capacete e o piloto bêbado usava chinela de dedo?

 

Pois bem, esses dois tronxos trafegavam pelas ruas da cidade, cai aqui cai acolá, que chamava a atenção de quem via, tamanho o zig zag que faziam. Por sorte deles e do povo, uma viatura da polícia também viu a cena e imediatamente abordou a dupla. Parados, os dois quase não conseguiam ficar de pé. Um soldado perguntou:

 

-O senhor bebeu?

 

-Só um tiquinho. Ic, ic, ic... Disse o piloto, soluçando tanto que mal conseguiu falar.

 

O garupa, ao ouvir só o amigo ser questionado, entrou na conversa dizendo:

 

-E eu mais ele...

 

Os policiais fecharam a cara pro lado do abelhudo, ou “abiúdo”, com se diz na região, o ignoraram, e voltaram a falar com o embriagado piloto:

 

-Meu amigo, o senhor acha mesmo que está em condições de andar de moto? Será que o senhor do jeito que está, conseguiria pelo menos fazer um “4”?

 

-Oxe! Traga papel e caneta, pra ver se eu não consigo. Tirou onda o sujeito, antes de dar uma sonora “gaitada”.

 

-A gente ia quebrar seu galho - disse um soldado -, prendendo só sua moto, mas como você é cheio de gracinha, vamos lhe levar também. Completou.

 

Nesse momento o amigo do piloto viu que o negócio ia azedar. Bateu forte no peito e disparou:

 

-Fulano de tal é meu amigo. Pra onde ele for eu vou também!

 

“Emocionados” com tanta amizade, os meninos da PM atenderam os pedidos dos dois amigos do peito, e os levaram para ver o sol nascer quadrado, mas não sem antes de tirar a poeira dos dois pinguços.

 

 

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